Proposta inovadora promove o lançamento do longa Proibido Nascer no Paraíso
A campanha de impacto do filme é coordenada por Rossana Giesteira e já atingiu cerca de duas mil pessoas antes mesmo da estreia oficial. Uma das maiores inquietações da diretora Joana Nin quando está prestes a realizar um novo lançamento nos cinemas é o estigma…
A campanha de impacto do filme é coordenada por Rossana Giesteira e já atingiu cerca de duas mil pessoas antes mesmo da estreia oficial.
Uma das maiores inquietações da diretora Joana Nin quando está prestes a realizar um novo lançamento nos cinemas é o estigma de que documentários sociais não fazem público. Filmes que tratam de causas específicas sempre tem seu público, a questão é fazer essas pessoas descobrirem o lançamento a tempo para que possam prestigiar, e também divulgar. Há menos de uma década realizadores europeus e americanos descobriram a “distribuição de impacto”, no Brasil a novidade ainda não completou cinco anos, mas está crescendo vertiginosamente. E é nessa onda que está sendo preparada a estreia do segundo longa doc da diretora, e também da Sambaqui Cultural, Proibido Nascer no Paraíso.
Produção de impacto
A campanha de impacto do filme é coordenada por Rossana Giestera, que ocupa a novíssima função do cinema que vem sendo batizada de “produtora de impacto”. Desde 2018, a profissional acompanha todos os passos do projeto, na época ainda em fase de filmagens. Todo esse processo serve para melhor planejar o alcance e o potencial do filme, a partir de sua temática, das pessoas e organizações da sociedade já vinculadas àquela causa, ou problemática abordada pelo filme.
O essencial da distribuição que gera impacto social é a construção da audiência qualificada, de uma “rede de apoio” em torno daquele lançamento. São essas pessoas que vão ajudar a difundir a campanha, aumentar o alcance da divulgação e muitas vezes também chegar às esferas do Judiciário ou do Legislativo, dependendo do tema do documentário. O filme passa a estar à disposição desta rede, assim como ela atua ativamente em prol da campanha. “É fundamental mobilizar o público que pode ajudar a provocar algum tipo de transformação social.” defende Rossana.
O objetivo do trabalho é ter maior, e mais qualificado, alcance seu público, seja nas salas de cinema, na televisão, vídeo por demanda, ou qualquer outra forma de exibição. O filme deve chegar pelo menos ao seu público-alvo, ou sua razão de existir fica ameaçada. “A campanha de impacto é uma aliada da distribuição comercial do filme. Algumas distribuidoras na Europa e nos Estados Unidos nem cogitam mais lançar um documentário social sem este trabalho prévio, sem engajar pessoas que possam se tornar replicadores ou agentes de transformação social. A campanha de impacto está para o documentário social como a publicidade está para a ficção comercial”, explica Joana.
Nova modalidade
As campanhas de impacto no meio audiovisual vieram para ficar. Produtores e realizadores buscam cada vez mais potencializar a reflexão e o debate dos filmes, a fim de mostrar o impacto real dos temas abordados com o seu público alvo. Na campanha de Proibido Nascer no Paraíso, o trabalho foi direcionado às pessoas e organizações ligadas diretamente ao tema gravidez e parto e ao direito da mulher sobre o próprio corpo.
Ao longo de 2020, foram realizadas diversas exibições privadas e restritas com parceiros estratégicos de todo o país: Fiocruz, Rehuna, Instituto Aurora (Fadynha doula), Centro de Parto Normal – Floripa, B2Mamy, Grupo Curumim, IMS, UERJ, CLAM, NDIS (Núcleo de Diversidade e Identidades Sociais) da Universidade Federal de Pernambuco, UFRRJ, OAB MULHER RJ, Comissão da Mulher Advogada da OAB-PE, Centro de Pesquisa Histórica e Cultural de Fernando de Noronha – CEPEHC, Grupo Florescer (Chapada Diamantina) e ESCTA – Escola de Saberes, Cultura e Tradição Ancestral (Salvador).
Rossana, que atua como produtora de impacto desde 2015 e coordena a campanha do filme, afirma que cerca de duas mil pessoas foram mobilizadas pelo filme antes mesmo do lançamento, além de ressaltar que a campanha de impacto caminha junto com a distribuição comercial do longa. “Uma fortalece a outra, temos a combinação entre a comunicação massiva e comunicação bem segmentada, ligada a mobilização e ao engajamento social por conta da temática.” aponta.
A produtora destaca ainda que um dos diferenciais da campanha foi seu formato inteiramente online. “Foi uma campanha feita totalmente online por conta da pandemia, tivemos que nos adaptar aos cenários, usar as ferramentas disponíveis e experimentar”, relata. A única exceção foi a pré-estreia realizada pela diretora Joana Nin na ilha (foto), que foi realizada em duas sessões presenciais que aumentaram o envolvimento local com o filme. E agora todo o público engajado previamente está pronto para levar o documentário a muito mais pessoas, potencializando seu alcance, e também seus resultados sociais.
A campanha conquistou também destaque jornalístico nacional, com matérias no Fantástico, Revista Cláudia, CBN, Metrópolis da TV Cultura, Universa UOL, entre outros.