Produção de longa-metragem mexe com a rotina e a economia de cidades do interior do Paraná
“Rumor” acaba de ser filmado nas cidades de Cambará, Jacarezinho e Ribeirão Claro
A rodagem de um filme mexeu com a rotina da população e com a economia de três pacatas cidades do interior do Paraná. Nos últimos dois meses, Cambará, Jacarezinho e Ribeirão Claro, na região Norte, se viram transformadas com a movimentação de cerca de trezentas pessoas que compõem o elenco e a equipe de produção do longa-metragem “Rumor”, realizado pela Sambaqui Cultural em coprodução com O Candeeiro, com direção de Joana Nin. As filmagens foram encerradas na última semana.
Principalmente entre os mais jovens, a sensação foi a presença da atriz Giulia Benite (a Mônica, dos filmes em live-action da “Turma da Mônica”), que dá vida à protagonista Olívia, uma jovem que busca justiça para um caso de linchamento público. Junto com ela, foi grande a curiosidade em torno dos atores Emílio Orciollo Netto e Cristina Lago, que interpretam os personagens Fausto e Beatriz, os pais da adolescente. Roteiro e argumento são de Alana Rodrigues e Helena Schoenau.
Para bem receber a todos, as populações locais não mediram esforços. Com a presença dos artistas e técnicos, o movimento aumentou bastante, principalmente nas redes hoteleira e alimentícia. Segundo o secretário executivo da PrFilm Commission, criada e mantida pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, Luiz Gustavo Vilela, do ponto de vista econômico, é muito importante poder levar uma produção de cinema de grande porte para uma cidade do interior.
“Há estudos que demonstram que cerca de 60% do orçamento de um filme é gasto no local de filmagem, gerando incremento real na cadeia produtiva”, afirma. “Ao mesmo tempo, é louvável o esforço da Sambaqui Cultural de empregar atores e figurantes das cidades, o que é uma forma de inserir a população local no universo artístico. No nível simbólico, é importante que a população brasileira possa se ver nas telas e saiba que o audiovisual não é lugar apenas de americanos e europeus”.
O chef de cozinha Matheus Schiavo, que é dono de uma empresa de buffet e produção de eventos e trabalha no restaurante de um hotel de Cambará, foi um dos profissionais que teve seu dia a dia alterado pelas rodagens. Ele conta que, para atender à demanda gerada pelo filme, teve que aumentar em 70% seus pedidos de mercadorias. A preferência foi por alimentos produzidos por produtores locais.
“É importante fomentar a nossa economia e a produção de ‘Rumor’ impactou diretamente no comércio local não somente pelo aumento no consumo, mas também pela adaptação no atendimento ao cliente. A região não estava acostumada com a rotina de uma produção grande, com suas demandas em curto prazo de tempo”, conta. “Além do aumento nos pedidos de mercadoria, foi preciso reforçar o nosso time de profissionais, através da contratação de freelancers nas áreas de gastronomia, segurança, limpeza e hospitalidade”.
Também foi dada preferência a comerciantes locais na hora de adquirir cenários e comidas utilizadas em cena. Estima-se que entre fornecedores e profissionais direta ou indiretamente ligados à produção, mais de 600 pessoas locais tenham participado das filmagens. O elenco é um ótimo exemplo. Dos 38 atores que dão vida aos personagens de “Rumor”, 28 são originários da região norte do Paraná ou de Ourinhos (SP). Todos os duzentos figurantes são locais, selecionados através da empresa CNX Produções, que pertence a Renan Bonito, de Jacarezinho. A equipe técnica tinha 60 integrantes, oito deles vivem e trabalham na região das rodagens e tiveram a oportunidade de serem contratados.
“Rumor” deve ser lançado no final de 2025, com distribuição pela Olhar Filmes, de Curitiba. O projeto, idealizado por Alana Rodrigues em 2014, sócia da coprodutora O Candeeiro, foi abraçado por Joana Nin em 2018, que assumiu a direção e por sua produtora, Sambaqui Cultural, que viabilizou o financiamento. Os recursos para a produção – R$ 3 milhões – foram captados junto ao Fundo Setorial do Audiovisual – FSA/BRDE, via Ancine – Agência Nacional do Cinema. A produtora ainda busca recursos para complementar a pós-produção.