Sambaqui Cultural recebe Prêmio no Paraná
O primeiro curta da produtora foi rodado em 2004 e estreou no Cine-PE em 2005, saindo de lá com prêmio de Melhor Curta Documentário e Prêmio Canal Brasil. Depois outros 19 conquistados pelo até hoje prestigiado Visita Íntima somaram-se a estes. Era apenas o início…
O primeiro curta da produtora foi rodado em 2004 e estreou no Cine-PE em 2005, saindo de lá com prêmio de Melhor Curta Documentário e Prêmio Canal Brasil. Depois outros 19 conquistados pelo até hoje prestigiado Visita Íntima somaram-se a estes. Era apenas o início do caminho da empresa e da realizadora Joana Nin, diretora e produtora, que agora tiveram sua trajetória reconhecida pela premiação concedida em edital da Lei Aldir Blanc. No portfólio, destaca-se o longa doc Cativas – Presas pelo Coração, uma coprodução com o canal GNT. O longa recebeu uma menção honrosa do Festival do Rio 2013, foi lançado em salas de cinema e TV Paga em 2015 e está disponível em várias plataformas de VOD. Saiba onde assistir este e nossos outros filmes no nosso site sambaquicultural.com.br.
O ano de 2020 começou promissor. O terceiro longa doc da empresa, A Vila dos Três Apitos, estava em pré-produção. E o contrato para realização do quarto telefilme de Joana Nin, Os 80 Gigantes, acabava de ser assinado com a Secretaria da Comunicação Social e da Cultura do Paraná depois de vencer um edital. A equipe comemorou muito, assim como a Cia dos Ventos, companhia teatral paranaense com mais de 20 anos de história, a retratada. Começaram-se as providências para esta produção, com filmagens programadas para junho/julho. Mas ainda antes, logo após o carnaval, nos preparamos para procurar por Noel Rosa de ontem na Vila Isabel de hoje, projeto de longa-metragem documentário poético que estava prestes a ser rodado.
No 5º dia de filmagens veio a certeza de que não era mais possível seguir naquele momento. A pandemia de Covid-19 impôs uma nova realidade e nos fez desmontar o cenário e mandar todo mundo de volta pra casa até que se possa voltar às ruas sem medo outra vez. Segundo Elisandro Dalcin, diretor de fotografia dos dois documentários, a decisão de adiar as filmagens foi difícil, mas necessária. “Envolvia muitos riscos para a saúde dos entrevistados, alguns de idade avançada”, relata. O fotógrafo comenta ainda que a decisão de adiar projetos e filmagens em 2020 foi “o marco de um ano complexo e cheio de desafios”.
Nesse início de pandemia, o único trabalho que não parou foi o da pós-produção, coordenado pelo sócio Ade Muri. Neste ano tão complexo, Ade finalizou os longas de ficção produzidos por A Fábrica que já estavam filmados: Não Vamos Pagar Nada, estrelado por Samantha Schümtz com direção de João Fonseca, coprodução Globo Filmes; e Pai e Dobro, direção de Cris D’Amato, uma produção original Netflix protagonizada por Maísa que estreia em janeiro de 2021. Para lançamento no ano que vem, já estão em finalização uma série para web e mais dois longas de ficção: Me Sinto Bem com Você, produção da Delicatessen, e A Última Festa, produzido pela Coqueirão, ambos com direção de Matheus Souza.
Os desafios do Audiovisual em 2020
Setor enfrenta dificuldades em meio a pandemia e o desmonte de políticas públicas
Os acontecimentos de 2020 afetaram duramente o setor audiovisual, que já vinha de um 2019 paralisado pela interrupção das políticas públicas para o setor. Na última década, o Fundo Setorial do Audiovisual, criado pela Lei 11.437/06, garantiu um verdadeiro boom de desenvolvimento para as produções brasileiras para cinema e TV. Os novos conteúdos também incrementaram significativamente os cardápios das plataformas de streaming. As cotas criadas pela Lei do Acesso Condicionado (12.485/12) foram superadas rapidamente e o conteúdo nacional ganhou em diversidade, com imagens e sons vindos de todas as regiões do país, graças a políticas de cotas afirmativas.
Os recursos do FSA vem do próprio setor, por meio do recolhimento da Condecine, uma contribuição compulsória paga por toda a cadeia produtiva para o desenvolvimento da atividade. Parte dos recursos obtidos com as vendas dos filmes e séries também volta para este fundo, retroalimentando o sistema.
Em pleno crescimento, o processo foi interrompido pela paralisia da Ancine, que coordena os trabalhos do Comitê Gestor do fundo. Isso somado ao fechamento do Ministério da Cultura e as diversas trocas de secretários do audiovisual e ministros dos dois ministérios onde o setor foi realocado.
O resultado é um cenário desolador de desestruturação do mercado, falência de empresas e valores arrecadados pela categoria presos, retidos nos cofres da União por falta de vontade política. Nem mesmo os projetos selecionados nos editais de 2018 receberam seus recursos. A pilha de análises represadas já passa de 700 itens, um deles Torniquete, primeiro longa de ficção da Sambaqui Cultural. A pandemia chegou neste momento.
Projetos paralisados começam a se preparar para acontecer
Além da retomada dos dois projetos com filmagens paralisadas, a Sambaqui Cultural tem outros planos para 2021. O primeiro é o lançamento do segundo longa-metragem documentário da empresa, Proibido Nascer no Paraíso, dirigido por Joana Nin. Está programado para acontecer na semana da mulher, com pré-estreia em 8 de março. Logo em seguida o filme entra em cartaz em salas de cinema, se a pandemia deixar, e estreia em maio no Canal GNT e na Globoplay.
O lançamento vem na esteira de uma campanha de mobilização em torno do tema do filme – o direito de escolha da mulher sobre o próprio parto. As páginas de Instagram e Facebook do filme foram criadas em maio de 2020. Também já ocorreram diversas sessões fechadas com debate. O filme é protagonizado por gestantes da ilha de Fernando de Noronha impedidas de dar à luz perto de casa. Matérias publicadas no Fantástico e na revista Cláudia são os primeiros espaços na mídia.
Para Letícia Friedrich, da Boulevard Filmes, distribuidora do documentário, a incerteza para lançamentos em 2021 instiga as distribuidoras e produtoras a buscarem novas formas de contato com o público: “Enquanto distribuidora, o engajamento tem sido nossa atividade principal nessa pandemia e destacamos o trabalho de distribuição de impacto que estamos realizando em parceria com a Sambaqui Cultural, para o documentário Proibido Nascer no Paraíso como umas das experiências mais ricas de fazer com que o filme encontre seu público e vice e versa mesmo antes do lançamento”, finaliza.
Campanha de Impacto
Passar anos e anos realizando um filme e depois vê-lo com dificuldades de chegar ao público é uma realidade que assola a maior parte dos documentários não só no Brasil, mas em todo canto. Pensando em criar novas ferramentas de aproximação, a Sambaqui Cultural se engajou num movimento criado em Londres e nos EUA, que chegou no Brasil em 2018 e vem crescendo bastante. A proposta é trabalhar desde bem antes do lançamento para construir uma rede de apoio em torno do filme mobilizada pela causa que ele defende, ou pela questão social trazida pelo documentário.
Antes do grande público, ativistas, pessoas ligadas às mesmas lutas ou debates com a sociedade são convidadas a assistir o filme e conversar com a diretora e a produtora de impacto, no caso, a parceira Rossana Giesteira. Desta forma, quando o filme chegar ao cinema, TV e às plataforma de streaming ele terá mais chances de ser conhecido e aguardado pelo público porque todas estas pessoas e instituições mobilizadas precocemente estarão ajudando a potencializar sua divulgação. O tema despertou tanto o nosso interesse que a diretora Joana Nin decidiu pesquisá-lo melhor e desenvolver a partir dele sua dissertação de mestrado, em andamento.
Projetos novos
Marcando o início das produções de ficção, Torniquete, dirigido por Ana Catarina Lugarini, está em fase de desenvolvimento pela empresa em coprodução pela Veleiro Azul, outra produtora de Curitiba. Os trabalhos serão iniciados assim que a Ancine encerrar as análises técnicas do projeto e enviar ao BRDE, agente financeiro do FSA, a autorização para contratação e desembolso dos recursos. Esta produção marca um novo momento da produtora, que tem um outro longa de ficção já desenvolvido, Tropicana, com roteiro de Claudia Lage e Joana Nin, que está em busca de parceiros para sua realização. Na continuidade destes virá ainda Rumor, primeiro longa de ficção da diretora Joana Nin, que há mais de 15 anos migrou do Jornalismo ao documentário. O projeto é uma parceria com a roteirista Alana Rodrigues, de Curitiba.